Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O que mais me chamou a atenção no escândalo do qual o senador do DEM/UDN, Demóstenes Torres, é o pivô foi a gravação entre ele — o arauto da moralidade e dos bons costumes — e o maior bicheiro da região Centro-Oeste, o goiano Carlinhos Cachoeira, preso recentemente na Operação Monte Carlo da Policia Federal juntamente com outras 34 pessoas.
Todo mundo sabe que por aquelas terras fantásticas que formam o Centro-Oeste do Brasil, o contraventor Cachoeira financia campanhas eleitorais há cerca de 20 anos. E todos sabem que políticos poderosos de Goiás e de outros estados recebem dinheiro de origem criminosa e por isso não contabilizado e registrado pelos órgãos de fiscalização do Estado para promover campanhas políticas.
Evidentemente, tudo que é por debaixo dos panos não acaba bem, porque o que é “escondido”, o que é ilegal desemboca no crime, como as águas dos rios desaguam nos oceanos. Contudo, o que mesmo me chamou a atenção foi o senador Demóstenes Torres fazer comentários com Cachoeira sobre a legalização do jogo do bicho pelo telefone grampeado pela PF como se fosse empregado, um subalterno do poderoso bicheiro e não um senador da República.
Carlinhos fala com autoridade de chefe, de superior na hierarquia e o senador que envergonhou seus eleitores acata ordens quando finaliza a conversa com um “Tá! Tá bom!”, quando antes o Demóstenes argumentou o seguinte: “Se você quer que eu veja isto, eu vejo”, apesar de o político concluir que não acredita que o projeto de legalização do jogo do bicho e do jogo em geral vai ser aprovado pelo Congresso.
O senador do DEM/UDN (o pior partido do mundo) acata ordens, porque, certamente, depende, e muito, de Cachoeira, mesmo ele ter sido promotor, procurador do Estado de Goiás e secretário de Segurança. Nada que deixe perplexa a população, a cidadania, acostumada que é de ver o envolvimento de políticos com o crime organizado, bem como também de autoridades do Judiciário e das polícias, seja em âmbito federal ou nos estados da Federação.
Todavia, a questão fundamental é que Demóstenes é um senador da República, oposicionista, festejado, tal qual o senador tucano do Paraná, Álvaro Dias, pela imprensa comercial e privada de oposição, que sempre levantou a bola para ele cortar e com isso criticar, no decorrer de quase uma década, duramente os governos trabalhistas dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff.
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